sábado, 7 de março de 2009

. a gente sente .


Pra muitos, sentir representa vergonha, fraqueza, representa admitir que algo foge sim do controle, daquilo que parece sensato e aceitável. Vivemos numa sociedade alimentada do superficial, daquilo que se mostra para atender a padrões de comportamento e à regras de “como ser uma pessoa bem resolvida”. Acabamos esquecendo que sentimento foge do óbvio e que estupidez maior do que não sentir, é fugir dos sentimentos.

Sentir justifica o que parece injustificável. Ensina, traz o barulho pra dentro de nós, barulho parecido com aquela reunião aos domingos na casa de nossos avós, ao passo que ensina a quietude do silêncio tão cúmplice.

Todos os dias milhares de pessoas têm seus corações partidos, rios de lágrimas são derramados. Surge, então, o bom e velho discurso do “ Não quero me envolver”, ou quem sabe, “ Tenho medo”...

Amor rejeitado é sinônimo de coração dilacerado, transformamos nossa alma em algo pequeno, quase imperceptível, repetimos palavras roucas imaginando ser possível representar um teatro pra nós mesmos. Julgamos haver perdido tempo e ninguém estar apto a receber nosso amor. Acredito estar aí a prova da total dependência do amor que deveria ficar no passado e que repeliu o sentimento que estivemos dispostos a doar.

Não queremos amar, não queremos sentir, porque ainda amamos e ainda sentimos. Talvez não amemos a personificação do ser amado materialmente, mas o sentimento. Acenar para um amor que vai, é fazer o mesmo para si mesmo, é virar as costas para algo que aos nossos olhos terminou, sem nosso aval, mas que precisa urgentemente procurar um endereço diferente que não em nosso peito.

No entanto, as feridas fecham e ainda que com alguma dor aprendemos a dar adeus a aquele sentimento que de tão nosso restou tatuado no corpo e, finalmente, conseguimos ver ser possível mais uma vez amar, mais uma vez sentir...agora do nosso jeito, dando sorrisos mais sinceros, ainda que cautelosos, chorando às vezes, mas sabendo ser possível guardar lágrimas para momentos de alegria.

O amor não costuma pedir licença, não funciona como átomos ordenados para formar uma cadeia de carbonos, ou como uma fila de soldados. O amor arrebata, faz barulho, encolhe, recolhe e acolhe sem avisar. Domina, não aceita ‘não’ como resposta ou o ‘sim’ passivamente, o amor não tem o botão ‘liga-desliga’, o amor está na gente, é da gente, amor não se questiona, se tem sem desejar, amor a gente sente sem querer, mas meio que querendo. É! A gente sente. A gente sente...

Um comentário:

Raquel Paulline disse...

Poxa Nininha, muito legal o seu blog.

Te admiro bastante viu?

Estarei sempre passando por aqui p/ ler as suas postagens tá? pq realmente são d+.
B-jão!