terça-feira, 30 de dezembro de 2008

. amor sem medo .

Andei pensando sobre amor, sobre amar. Andei falando de amor. Amor meu. Amor eu. Pode-se amar quantas vezes? Infinitas, eu sei. Sozinha demais ou feliz de menos, eis que vem a vida e mostra o milagre. O milagre do amor. A coragem de torná-lo real a nós caberá, no entanto, tantas vezes para ele fechamos a porta e acabamos o mandando voltar. Joga-se a chave fora, trancafia-se o coração. E não me diga que se for amor voltará, pois talvez nas linhas do destino não esteja escrita sua permanência. Restou guardada em segredo, aos suaves murmúrios do meu medo, na espreita, na espera o que quiçá não virá ou por completo me dominará. Se eu me desvendo, é que me escondo, nessa fuga arredia eis que o encontro. Então que desconheço meus caminhos, meus arrepios...são tantos espinhos. Mas o amor, ou somente sua sombra, ensina-me os passos, o equilíbrio...e crio os gestos, imagino o toque de quem ama ou de quem se deseja amar. E pra isso nem sonhei. É real, pois amar é real. É trivial. Amar novamente será como amar a primeira vez, viagem sem mapas, barco sem vela, imprevisto, presságios errados, certezas incertas. Ainda que incongruente sempre desejaremos viajar...e assim vou, sem rumo, olhos cerrados, barriga com borboletas, feridas abertas...A dor, esta eu sei que é efeito de quem quer viver, e vivo, não desisto, sinto, amo, descubro, busco, mergulho, recomeço E sem receio o recebo. Sem trégua, sem exigir o toque dos deuses. Quero amor real, vindo de alguém que me ame devagar, que me descubra sem pressa e me abrace com força. Quero um amor que me faça livre e que voe também, amor de lábios para beijar, de pele para sentir, de coração para pulsar. Amor sem rótulos ou com enfeites de uma felicidade inalcançável. Um porto seguro, de rígidas fundações. Partida, chegada. Amor sem sombras. Amor Romântico. Todo amor é abrigo, é ilha, é rio. Amor de verdade tem que ser leve, como uma dança, sem consumir, mas pronto a ser consumido. E eu esbravejo minha ausência de medo para tê-lo e querê-lo, pois recheio meus breves anos de amor, salto muros e quebro paredes. Não quero a solidão tecendo a minha vida, nem o desencanto ao meu canto de viver. Quero dias plurais, de palavras soltas, de sorrisos exatos, de árvore crescendo, de dois que se confundem e se entrelaçam num só. Eu quero amar, amar mais, amar sempre. Amar alguém. Amar o próximo. Amar minha própria contradição. Amor com espaço para meus poemas, para meus sorrisos e amor para dar àquele que comigo encare essa minha ausência de medo de amar e simplesmente ame, também.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

. não sou .

Certamente não sou eu
Certamente não sou quem sou, ou mesmo quem se é
Sou hoje noite inquieta e encarcerada por furtar pensamentos
Quisera eu dizer tudo, embora sabedora de nada
Toda lembrança de algum lugar me faz companheira da noite em sua prisão
Quem sou além do meu silêncio?
Dessas palavras roucas que fogem de minha boca inerte?
Os olhos falam, amordaçam, lecionam o que não vejo
Será o medo? Serei medo?
Não.
Mas me falta a coragem