O tempo passa exatamente do modo que desejo e com os olhos que pretendo que ele tenha. Em algumas ocasiões não consigo me permitir sentir certas coisas e acabo preferindo a quietude de emoções amenas. Noutras mais pareço um turbilhão de emoções prestes a explodir. Cada dia mais me convenço de que o meio-termo é para poucos.
Castiguei-me por isso. Seria “eu” incapaz de ser detentora do tão sonhado equilíbrio? Desfiz-me da razão para responder a esta pergunta e me aceitei INTEIRA.
Para a inteireza, juntei tantos cacos meus que restavam por aí e vi cada corte que em meu corpo foi aberto. Rever as dores é sentir uma vez mais, é se renovar, fortalecer-se em silêncio.
Durante bastante tempo busquei sujeitos para responsabilizar minhas feridas. Teorizar a raiva, ora amena, ora vibrante, ora sorrateira, ora pulsante. Resolvi encará-la simplesmente e percebi que raiva é sentimento meu, privativo e que pode sim funcionar como um impulso positivo, capaz de me alavancar e levar embora a nada edificante auto-compaixão.
Compreendi, assim, que os dias passam para que possamos entender a vida de modo cru, o pacote completo (o bom, o ruim e o péssimo estão inclusos!). Compreendi, ainda que doendo tantas vezes, que viver é reinventar-se diariamente, permitir que partes de nós morram para que outras possam nascer.
Passei a ter uma postura diferente em relação ao irremediável e acabei fazendo uma reconciliação comigo mesma, com aquilo que poderia ter sido e não foi. O "SE" condicionante de tudo. É preferível deixar no caminho os cadáveres e as lamentações. NO AMOR. NAS AMIZADES.
É tão importante respirar o mundo e junto com ele. Sentir o vai-e-vem dos pulmões e estabelecer um diálogo silencioso com nós mesmos. Na maioria das vezes acabava trazendo cargas banais para minha vida e transformando em tragédia uma mera chateação: brigas com meu pai, preocupação com minha irmã, dinheiro, com a calça que às vezes aperta.
Hoje sei que reagir é imprescindível e o modo como fazer isso é uma questão de genética, "genética da alma". Mudar perspectivas ou simplesmente ler um livro, escrever, dançar, empanturrar-me de biscoito "passatempo" e bolinho de goma, tomar licor de menta e vodca, conversar banalidades com minhas amigas é a forma bastante terapêutica que escolhi para viver. Acho-me razoável e pessoas razoáveis sabem que o ser humano não é lá grandes coisas, mas ainda assim prefere admirá-lo e ver beleza quando se abrem as cortinas da realidade. Muda-se a paisagem, mas continuo com os pincéis em punho para pintá-la ao meu modo.
Pensem comigo: seria desinteressante se tudo fosse inerte e esperado. Se a minha visão infantil do mundo fosse a certa - muita obviedade para uma menina. Se eu não houvesse descoberto que Papai Noel de gordo (um pouco até hoje!) e barbudo não tinha nada, que as pegadas do coelhinho da páscoa eram cuidadosamente feitas com talco por minha mãe enquanto eu dormia.
Caso meus olhos pudessem ver concretizadas as ilusões de uma criança sonhadora (isso serei sempre, que me desculpem os céticos!), estaria hoje eu, mulher, sentada e cansada da excessiva coerência.
Castiguei-me por isso. Seria “eu” incapaz de ser detentora do tão sonhado equilíbrio? Desfiz-me da razão para responder a esta pergunta e me aceitei INTEIRA.
Para a inteireza, juntei tantos cacos meus que restavam por aí e vi cada corte que em meu corpo foi aberto. Rever as dores é sentir uma vez mais, é se renovar, fortalecer-se em silêncio.
Durante bastante tempo busquei sujeitos para responsabilizar minhas feridas. Teorizar a raiva, ora amena, ora vibrante, ora sorrateira, ora pulsante. Resolvi encará-la simplesmente e percebi que raiva é sentimento meu, privativo e que pode sim funcionar como um impulso positivo, capaz de me alavancar e levar embora a nada edificante auto-compaixão.
Compreendi, assim, que os dias passam para que possamos entender a vida de modo cru, o pacote completo (o bom, o ruim e o péssimo estão inclusos!). Compreendi, ainda que doendo tantas vezes, que viver é reinventar-se diariamente, permitir que partes de nós morram para que outras possam nascer.
Passei a ter uma postura diferente em relação ao irremediável e acabei fazendo uma reconciliação comigo mesma, com aquilo que poderia ter sido e não foi. O "SE" condicionante de tudo. É preferível deixar no caminho os cadáveres e as lamentações. NO AMOR. NAS AMIZADES.
É tão importante respirar o mundo e junto com ele. Sentir o vai-e-vem dos pulmões e estabelecer um diálogo silencioso com nós mesmos. Na maioria das vezes acabava trazendo cargas banais para minha vida e transformando em tragédia uma mera chateação: brigas com meu pai, preocupação com minha irmã, dinheiro, com a calça que às vezes aperta.
Hoje sei que reagir é imprescindível e o modo como fazer isso é uma questão de genética, "genética da alma". Mudar perspectivas ou simplesmente ler um livro, escrever, dançar, empanturrar-me de biscoito "passatempo" e bolinho de goma, tomar licor de menta e vodca, conversar banalidades com minhas amigas é a forma bastante terapêutica que escolhi para viver. Acho-me razoável e pessoas razoáveis sabem que o ser humano não é lá grandes coisas, mas ainda assim prefere admirá-lo e ver beleza quando se abrem as cortinas da realidade. Muda-se a paisagem, mas continuo com os pincéis em punho para pintá-la ao meu modo.
Pensem comigo: seria desinteressante se tudo fosse inerte e esperado. Se a minha visão infantil do mundo fosse a certa - muita obviedade para uma menina. Se eu não houvesse descoberto que Papai Noel de gordo (um pouco até hoje!) e barbudo não tinha nada, que as pegadas do coelhinho da páscoa eram cuidadosamente feitas com talco por minha mãe enquanto eu dormia.
Caso meus olhos pudessem ver concretizadas as ilusões de uma criança sonhadora (isso serei sempre, que me desculpem os céticos!), estaria hoje eu, mulher, sentada e cansada da excessiva coerência.
Um comentário:
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