Em minhas mãos seguro a caneta que agora firmemente te escreve. Gostaria de falar sobre banalidades, sobre tudo que ando fazendo ou mesmo perguntar simplesmente como anda tua vida.
Cartas de amor já te escrevi, fui além delas talvez. A velha história de que a vida cabe em um livro, tem aplicação a nós dois. Nunca obtive respostas tuas, ao menos não claramente. Só depois compreendi que és entendível somente nas entrelinhas. E, para te ler é necessária infinita paciência.
Mesmo assim te amei. Amei-te com força, sem meias verdades, amei-te de maneira genuína, quase infantil. Foi belo o meu amor, bem sabes disso. Poderia escrever colocando cada verbo no presente, afinal ainda te amo, mas optei por conjugar o passado. Torna-se mais fácil, assim, exorcizar os fantasmas quando não mais desejamos que façam parte de nós. Não te quero em mim, entendas.
Mais uma carta de amor se forma nesse emaranhado de letras. A última, digo-te sem medo. E, a primeira de adeus. Foi este o modo que encontrei para fazer livre esse sentimento e dar-me asas para voar em outra direção.
Não mais desejo que habites meu coração, pois não foste inquilino zeloso, quebraste as paredes e danificaste as pilastras. No jardim, antes alegre, restaram flores que esqueceram de sorrir. A sala anda suja e desarrumada, lençóis desbotados e chão sujo. Toda esta bagunça terei que arrumar sozinha.
Lembro que entreguei a ti tudo na mais perfeita ordem. A todo instante busco o porquê da ausência de cuidado com meu coração, logo com ele que sempre saltitava ao te ver, parecia desejar-te inteiro! Foste egoísta e isso é o que mais me dói.
Por muito afirmei não carregar arrependimentos. Não menti, no entanto, hoje admito que se me fosse presenteado o tempo voltaria atrás e te expulsaria de minha vida. Faria-o não pelas dores, pois sempre me julguei forte para suportá-las, mas para não ter que conviver com tua ausência, para não ter que te mandar embora.
Também me despeço dos sonhos, dos planos, das conversas que não tivemos, do silêncio que poderíamos compartilhar. Aceno para este sentimento que foi extensão de mim, posto ter sido verdadeiro desde o dia que nasceu.
Em relação a ti, sinto-me como uma pequenina boneca de massa amarela, que numa brincadeira resolveu abraçar o bonequinho azul, que era tu. Os bonecos, por estarem receptivos ao abraço enlaçaram-se com força, de modo que ao se separarem perceberam que em ambos restaram pedacinhos um do outro. Eram pontinhos de massa azul colados ao meu corpo, pontinhos teus que agora moravam em mim. Inicialmente aquele colorido me fez sorrir, senti-me inserida numa espécie de arco-iris de modelar.
Os pedacinhos azuis começaram a se misturar mais e mais ao meu amarelo, até chegarem ao verde. Já não era uma bonequinha amarela – era amarela, azul e verde. Era uma bonequinha da cor do sol que precisava de mais abraços daquele que tinha a cor do céu. No entanto, tu buscaste outras cores e sequer te preocupaste em levar de volta o que deixaste em mim.
A todo instante tentei arrancar o azul e tudo teu que permaneceu. Em alguns momentos quis menos do que ousava dizer, noutros jamais quis. Errei imaginando que guardar o azul não representava ofuscar o amarelo. Por mais que, assim como os bonequinhos de massa, as pessoas também se confundam, jamais isso poderia significar me deixar perdida por aí, tal como fiz por ti.
Certamente permanecerás em mim para sempre, no entanto, necessito dissipar-te pelo meu corpo, de modo que se ausentes do meu coração.
És gente grande, mas que se ama “de menos” para permitir que alguém te ame demais, que n compreende tb ser responsável por aquilo que cativa, que reconhece valores e princípios mas não consegue ou não quer vivê-los.
Espero que isso mude, porque é muito triste uma pessoa que nunca tenha encontrado alguém para amar. Se essa pessoa pudesse reconhecer na outra o que um amor incondicional – a pura combinação de aceitação e compaixão – ou se pudesse se permitir sentir-se objeto de afeição e amor, veria o tamanho do impacto e do extremo valor para ela. Pois existe dentro de nós uma boa semente pronta a despertar e amadurecer em decorrência das demonstrações sinceras de amor.
Foste grande em muito do que fiz, quem sabe se eu tivesse te feito menor, meu tamanho aumentasse para ti. Agora, não posso te desejar felicidade, porque meu conceito de felicidade para tu trazia no bojo meu nome.
Foi amor verdadeiro, mas amor é sentimento que exige mão dupla, esforços compartilhados, olhares da mesma direção. Amor que não se vive, é menos amor e mais sonho.
Foste meu amor, não fui o teu. Lamento, mais por tu do que por mim, pois bem sei que poderia ter enchido tua vida com o barulho do meu riso e teu riso com o som da minha vida.
Por inteiro te amei, inteiro também foi o amor que carreguei. Foste inteiro em mim inteira, assim como inteiro é este adeus. Mas, saiba que a inteireza do que senti, permite-me afirmar que eu poderia ter te amado por minha vida inteira.
Então, adeus daquela que aqui fica, pela metade.
Cartas de amor já te escrevi, fui além delas talvez. A velha história de que a vida cabe em um livro, tem aplicação a nós dois. Nunca obtive respostas tuas, ao menos não claramente. Só depois compreendi que és entendível somente nas entrelinhas. E, para te ler é necessária infinita paciência.
Mesmo assim te amei. Amei-te com força, sem meias verdades, amei-te de maneira genuína, quase infantil. Foi belo o meu amor, bem sabes disso. Poderia escrever colocando cada verbo no presente, afinal ainda te amo, mas optei por conjugar o passado. Torna-se mais fácil, assim, exorcizar os fantasmas quando não mais desejamos que façam parte de nós. Não te quero em mim, entendas.
Mais uma carta de amor se forma nesse emaranhado de letras. A última, digo-te sem medo. E, a primeira de adeus. Foi este o modo que encontrei para fazer livre esse sentimento e dar-me asas para voar em outra direção.
Não mais desejo que habites meu coração, pois não foste inquilino zeloso, quebraste as paredes e danificaste as pilastras. No jardim, antes alegre, restaram flores que esqueceram de sorrir. A sala anda suja e desarrumada, lençóis desbotados e chão sujo. Toda esta bagunça terei que arrumar sozinha.
Lembro que entreguei a ti tudo na mais perfeita ordem. A todo instante busco o porquê da ausência de cuidado com meu coração, logo com ele que sempre saltitava ao te ver, parecia desejar-te inteiro! Foste egoísta e isso é o que mais me dói.
Por muito afirmei não carregar arrependimentos. Não menti, no entanto, hoje admito que se me fosse presenteado o tempo voltaria atrás e te expulsaria de minha vida. Faria-o não pelas dores, pois sempre me julguei forte para suportá-las, mas para não ter que conviver com tua ausência, para não ter que te mandar embora.
Também me despeço dos sonhos, dos planos, das conversas que não tivemos, do silêncio que poderíamos compartilhar. Aceno para este sentimento que foi extensão de mim, posto ter sido verdadeiro desde o dia que nasceu.
Em relação a ti, sinto-me como uma pequenina boneca de massa amarela, que numa brincadeira resolveu abraçar o bonequinho azul, que era tu. Os bonecos, por estarem receptivos ao abraço enlaçaram-se com força, de modo que ao se separarem perceberam que em ambos restaram pedacinhos um do outro. Eram pontinhos de massa azul colados ao meu corpo, pontinhos teus que agora moravam em mim. Inicialmente aquele colorido me fez sorrir, senti-me inserida numa espécie de arco-iris de modelar.
Os pedacinhos azuis começaram a se misturar mais e mais ao meu amarelo, até chegarem ao verde. Já não era uma bonequinha amarela – era amarela, azul e verde. Era uma bonequinha da cor do sol que precisava de mais abraços daquele que tinha a cor do céu. No entanto, tu buscaste outras cores e sequer te preocupaste em levar de volta o que deixaste em mim.
A todo instante tentei arrancar o azul e tudo teu que permaneceu. Em alguns momentos quis menos do que ousava dizer, noutros jamais quis. Errei imaginando que guardar o azul não representava ofuscar o amarelo. Por mais que, assim como os bonequinhos de massa, as pessoas também se confundam, jamais isso poderia significar me deixar perdida por aí, tal como fiz por ti.
Certamente permanecerás em mim para sempre, no entanto, necessito dissipar-te pelo meu corpo, de modo que se ausentes do meu coração.
És gente grande, mas que se ama “de menos” para permitir que alguém te ame demais, que n compreende tb ser responsável por aquilo que cativa, que reconhece valores e princípios mas não consegue ou não quer vivê-los.
Espero que isso mude, porque é muito triste uma pessoa que nunca tenha encontrado alguém para amar. Se essa pessoa pudesse reconhecer na outra o que um amor incondicional – a pura combinação de aceitação e compaixão – ou se pudesse se permitir sentir-se objeto de afeição e amor, veria o tamanho do impacto e do extremo valor para ela. Pois existe dentro de nós uma boa semente pronta a despertar e amadurecer em decorrência das demonstrações sinceras de amor.
Foste grande em muito do que fiz, quem sabe se eu tivesse te feito menor, meu tamanho aumentasse para ti. Agora, não posso te desejar felicidade, porque meu conceito de felicidade para tu trazia no bojo meu nome.
Foi amor verdadeiro, mas amor é sentimento que exige mão dupla, esforços compartilhados, olhares da mesma direção. Amor que não se vive, é menos amor e mais sonho.
Foste meu amor, não fui o teu. Lamento, mais por tu do que por mim, pois bem sei que poderia ter enchido tua vida com o barulho do meu riso e teu riso com o som da minha vida.
Por inteiro te amei, inteiro também foi o amor que carreguei. Foste inteiro em mim inteira, assim como inteiro é este adeus. Mas, saiba que a inteireza do que senti, permite-me afirmar que eu poderia ter te amado por minha vida inteira.
Então, adeus daquela que aqui fica, pela metade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário