terça-feira, 29 de julho de 2008

. camiseta velha .


Abro meu guarda roupa. Tanta coisa amontoada, mas fui eu que deixei amontoar. Mania boba essa minha. Encontro aquela camiseta branca que tantas vezes me vestiu, que tantas vezes me cobriu. Lamento, cara camisa, mas a partir de hoje seu lugar não mais será em meu guarda roupa. Cansei de lembrar de vc, de querer vc comigo sempre que outra roupa não se fizesse adequada para essa ou aquela ocasião. Para a MINHA ocasião. Já pensei em derramar cores nesse seu branco, quem sabe assim poderíamos, eu e você, fazer parte de uma mesma paisagem mais colorida, mas terminava sempre chegando à conclusão de que teu branco era intocável. Decidi que preciso de uma outra camiseta, com a qual poderei desfilar em outras avenidas, dobrar de uma maneira diferente, ir ao shopping, à praia, ao supermercado, uma camiseta que me abrace diferente e uma camiseta para abraçar. Aqui estou, pronta para uma mais uma aventura amorosa com uma nova camiseta branca. Sim, pq segundo me ensinou a vida, nada como renovar o guarda-roupa. A vida entende de todos os assuntos, é excelente professora...Ainda que falemos d moda! Faz com q possamos enxergar pequenas manchas do tempo, ou quem sabe de macarrão naquele tecido que achávamos ser feito pra durar. No caso dessa camisa que agora me desfaço, confesso que aquele branco intocável pareceu-me meio amarelo, meio sem graça, meio meio sabe? E o que eu preciso é do INTEIRO. Pode parecer estranho, mas cheguei à conclusão que essas camisetas brancas possuem lógica própria, ainda que tão ilógica. Mas antes de respeitar essa lógica, ponho a minha em primeiro lugar. Confesso que uma camisa nova será uma forma luminosa de recomeçar, de materializar a paixão que se foi com a camiseta antiga. Não é uma simples camiseta que passará a figurar nas minhas roupas ou funcionar como intermediária de outra camiseta que por certo virá, pois é com ela que vou me cobrir agora, é com ela que estabelecerei intimidade, é a partir dela q empregarei a velocidade milagrosa do esquecimento do tecido que outrora me aqueceu. Qual será o destino desse pedaço de tecido amarelado? Deixarei-o por aí, pode ser que se acople a outro corpo, que limpe o chão, que por sortilégio a cor da paz se torne reluzente uma vez mais. Confesso que ao me livrar do que quer q seja isso não mais me interessa, então que o tempo leve, que a chuva arraste, que o sol queime, vou mudar de idéia, vou mudar o rumo e mudar o tecido. A perfeição absoluta da sentença que o destino escreveu pra mim deve estar cravado em outra etiqueta.

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