domingo, 6 de abril de 2008

. para escrever-me .


Quando pensei em escrever me achei pretensiosa e quando comecei a escrever então é que realmente vi a proporção que minha pretensão havia tomado. Não que eu ache que se precisa de grandes coisas pra escrever a não ser um impulso nada moderado e um pouco de inspiração. O impulso eu sei que tenho, já a inspiração chega a faltar-me o fôlego de tanto que a busco.

Acredito que o que me traz aqui é uma imensa necessidade. De início era uma necessidade míope, daquelas que pouco vê, limitada a meus pensamentos pura e simplesmente. Mas então acabei percebendo que escrever além de ser um vício é também um meio de autodescoberta, pode-se se tocar intimamente, sentir a alma e a própria vibração da vida.

Não sei ao certo em que momento essa necessidade se tornou parte indissociável de mim, em que instante pude perceber que viver sem derramar minhas palavras em linhas seria impossível.

Então, eis que aqui estou, nessa incessante busca por ter o que dizer aos que por algum motivo desejam passar os olhos sobre minhas palavras – eloqüentes, loucas, nuas, vivas...- e com um imenso medo de cair no nada, no inebriante vazio daqueles que fazem eco de si mesmo.

Sempre busquei ter uma visão simplista da vida e das pessoas, quiçá de si mesmo, mas quando se decide viver de modo intenso, a sensibilidade se faz presente e então o simples perde um pouco do sentido. Entendam, o simples não deixa de ser simples, apenas passamos a enxergá-lo mais, vemos nuanças escondidas, segredos nada amenos de uma verdade que aquela dose de acomodação nos fazia encobrir.

Tenho a sensação que ao escrever é exatamente isso que acontece comigo. Vejo mais, sinto mais. Por vezes é angustiante, confesso. Afinal tantas vezes prefiro a quietude de emoções amenas, menos vibrantes, prefiro a calma daquele tipo de silêncio que fala alto ao coração. Mas noutras vezes e garanto que na maioria delas, mergulho na vastidão do meu oceano, descobrindo novas vidas, novos amores, novas pessoas que se alojaram em quem sou e que precisam, assim como eu, viver. Escrevo então. Escrevo para pulsar. Escrevo como um modo de sorrir-me, a mim e para mim. Escrevo para tentar viver. Escrevo para reviver a parte da vida que me tolheram. Escrevo para afastar a morte de pedaços meus. Escrevo para escrever-me. Enfim, escrevo
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