Quando resolvi escrever estava pensando em alguém que teoricamente seria inviável pensar, não por ser proibido ou inconcebível o pensamento, mas inusitado. Peço licença para a utilização de um advérbio: MUITO inusitado.
Não sei ao certo o “porquê” de tal pensamento, no entanto, aprendi a ser corajosa o suficiente para encarar o que me embaralha as idéias. Então, nesses pensamentos, detive-me.
Costumo dizer que pensar em alguém é uma forma de encontro silencioso e natural que estabelecemos com o objeto do pensamento.
Pensamento acontece, não tem roteiro, nem hora de chegada ou para ir embora. Pensamento transparece.
Esse alguém em quem pensei poderia ser só mais um alguém que divide comigo pedaços de uma vida em comum. Somos, esse alguém e eu, unidos pela falta. Falta que já foi minha e agora lhe assombra. Falta por motivos diferentes, mas falta é sempre falta. Aquele vazio interminável que faz eco em cada canto da gente, que faz da gente menos gente e mais o outro.
Teoricamente a falta do alguém que me rouba os pensamentos pouco deveria me interessar, pois minha falta dele proveio. Inobstante, a falta que é falta do alguém que me trouxe a falta, incomoda-me.
Fugindo do óbvio e faltando a lógica que sobrava em minha falta, tudo funcionou diferente. E isso não se deu por ser eu exemplo de GRANDE coração e benevolência, mas pela oportunidade que tive de enxergar que GRANDE sim é esse alguém que de tão grande impossível não ter falta.
Diversos são os modos de descobrirmos os “alguéns” que se escondem por aí. Falta-nos olhos atentos para enxergarmos no alguém, o alguém que falta. Em contrapartida, de nada importa a quantidade de meios se faltar a combinação do impulso dado pela disponibilidade de promover o encontro com o outro, ainda que o outro seja aquele outro que te levou o outro.
O alguém de meus pensamentos me veio através de palavras. Tão lindo esse alguém! Tão sensível! Tão senhor dos sentimentos! Por um instante me perguntei: o que falta a esse alguém, além da falta que sei que não lhe falta? Por onde havia ser perdido alguém-gente? Gente tão gente! Alguém que jamais seria mais um alguém dentre tantos “alguéns”!
Lamentei-me por esse alguém. Lamentei-me sem confessá-lo a ninguém, pois alguns “alguéns” exigiriam de mim uma espécie de orgulho que definitivamente não estou disposta a ter, só porque eles têm.
Talvez o alguém a quem dedico esse texto enxergue na falta o alguém que é, o alguém que deve ser. Afinal, às vezes falta alguém para ensinar, mas na falta do alguém que falta, a vida vem com força e o nó que atrapalha o alguém, desata.
Já fui o alguém do pensamento de outros “alguéns”, já quis ser alguém no pensamento de alguém para quem eu era ninguém, já sonhei ser alguém sem nem saber quem. Muito me faltou, mas muito de tanto que tenho também me ultrapassou. Se o que me falta eu busco e se o que não falta eu dôo, ao alguém das palavras, ao alguém dono da minha falta, dedico frações do meu alguém, do mim que sou. E isso, faço sem receio que me faça falta.
2 comentários:
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