terça-feira, 25 de março de 2008

. a quatro mãos .

Hoje busquei o que escrever e temi não ter nada a dizer. Seria a fatídica fuga de pensamentos e sentimentos? Minha caneta desliza macia ao som de um silêncio cortante, de um vazio inebriante. Minha maior paixão se vê purgada pelo nada, por essa falta de sabe-se lá o quê...Falta de amor, falta de liberdade, falta de emoções vívidas e pungentes. FALTA!

Frases estruturadas me parecem óbvias, pouco óbvia sou eu, que me vejo brincando com palavras sem nada dizer, simplesmente por amá-las. Mas elas são o invólucro de mim, desse recheio que me define. Por vezes não me alcanço, em outras me abraço. Sou um livro inteiro e uma folha em branco, no aguardo de palavras explícitas e misteriosas. Sou amor, sou fracasso, sou a glória, sou os extremos, sou a incapacidade e a força, sou o que digo e mais, sou principalmente o que não consigo dizer.

Vivendo de filosofias pré-moldadas caminho. Olho quadros. Vejo paisagens, escrevo poemas e assim vivo. Amo. Acredito.

Ainda surpreendo-me com as incapacidades do mundo, com o desamor, com as mentiras que contrariamente não estão fadadas ao fracasso.

Talvez a dignidade esteja em não permitir que me lancem no superficial, nas estalactites da alma. Pois sei que o tempo passa, que a maciez da pele vai embora com a mesma rapidez com que surgem os cabelos brancos. Os meus olhos já não possuem o brilho da minha infância. Aprendi a dar mais que meus ganhos e a maturidade que aos poucos chega me faz rir, e eu pensei que me faria chorar. Eu quero mais que a beleza e a juventude de hoje, eu quero amar melhor, quero paciência, quero força, quero ardor, quero a calma da maré, mas também quero a inquietude das ondas.

O relógio da vida não pára, assim como também não pode jamais cessar a busca por aquilo que nos dignifica como seres humanos.

Fiz um pacto com o destino e a quatro mãos construo meu caminho. Eu trago o sonho e ele me embebeda com a realidade.

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