sábado, 17 de janeiro de 2009

. conversa a três .


Quando surgistes, a primeira pergunta que desejei fazer foi se tinhas certeza que estava preparado para fazer parte de mim e da minha vida. Desculpe se de algum modo pareço intransigente, mas é que tantas pessoas já passaram por mim utilizando esta justificativa.Vamos lá! SENTE-SE! Precisamos falar de amor. Precisamos falar de nós.Não sei ao certo o q esperas de mim. Adianto que perfeição não te darei, pois não a possuo nem tenho qualquer pretensão. São minhas incongruências e defeitos que trazem graça a minha vida.Por favor, não me venha com promessas fadadas ao fracasso...promessas de um amor redenção, livre de doenças e só de sonhos. Quero realidade. Fui clara? R-E-A-L-I-D-A-D-E. Sentirei ciúmes, raiva e insegurança. Sou mulher! Sou gente!E sempre que me olhar nos olhos fale a verdade, caso contrário desvie o olhar e caia sobre o nada, prometo tentar compreender o teu medo. Há tanto a descobrir e por certo mais a descobrir amanhã. Não se assuste caso eu te diga que prefiro ficar só, é na solidão que me encontro.Eu não espero ao teu lado ver o mundo sempre colorido, o que me importa é enxergá-lo limpo, de modo a caminhar entre as pedras sem permitir tropeções. Não sou um livro com as respostas que procuras, mas acredite q ao teu lado irei buscá-las. Quero ser mão estendida, ombro, colo e descanso, quero fazer-me presente e responsável por tua saudade. Se achares que falo muito de amor, tenha calma, entenda que nele encontro minha maior inspiração e justificativa para a vida que levo.Sou romântica e quero romantismo. Jamais cansarei de dizer q te amo, te encher de cartas, surpresas e carinho. Retribua-me somente com um olhar, mas q ele seja capaz de abraçar-me inteira.Saibas q me ver chorar é normal e caso me perguntes e eu não responda, respeite meu silêncio. Sem que eu pedir acorde-me com beijos. Não precisa me encher de presentes, basta a certeza da tua presença. Nem sempre estarei linda, afinal o tempo levará a beleza de hoje. Mas admire-me. É isso que quero de ti. A ADMIRAÇÃO que precede o amor e subjuga o pôr do sol. Iremos questionar o que sentimos, mas se acreditarmos que vale a pena, temos a obrigação de lançar sementes no jardim q um dia desejamos cultivar juntos.Ao teu lado não quero somente me permitir sonhar, quero as vigas do edifício q torna tudo palpável. Haverá dias q não vou querer dançar, nem vou desejar música alta...nesses dias me bastará o movimento do teu corpo sobre o meu e o som da tua respiração em meu ouvido. Faça-me acreditar sempre em nós. Faça-se insubstituível. Encontre teus pés nos meus quando estivermos deitados e cúmplices no nosso silêncio. Prometo acariciar teus cabelos até que finalmente mergulhes nos sonhos.Serei fiel. Presenteei-me com teu respeito. Se de algum modo te dou minha juventude, desejo que igualmente aceites minha velhice.Tenho medos, inseguranças, horas de raiva e deleite. Tenho valores por muitos julgados ultrapassados, mas ao teu lado serei eu sem vestes q não me pertencem ou como fantoche de uma realidade inquisitorial.Não sou o melhor, mas acordo todos os dias com o propósito de sê-lo.Permita-me que eu te observe, que decore teu corpo, que veja como teus lábios se movem, como teus dedos me alcançam. Amar pra mim é tão simples. Foge dos jogos para querer ser mais amado. Ama-me assim, livre. Ame quem sou.Quero alma. Quero vigor. Quero vida. Quero amor.Se de algum modo o que ofereço e o que desejo é menos do que tens a dar, sinta-se a vontade...LEVANTE-SE. Largue esta conversa a três – eu, tu e o amor. Acredito que por certo haverá alguém disposto a sentar no lugar que um dia reservei p ti. Só não me peça para receber menos do que eu mereço...”

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

. cheiro de paz .

Ela estava sentada na grama verde e felpuda, com as pernas cruzadas e as mãos descasando sobre o chão atrás de seu corpo. Respirava devagar, parecia sentir necessidade do entrar e sair do ar em seus pulmões. O vento não era quente nem frio, tinha a temperatura que precisava para se sentir abraçada, o cheiro era bom. Inicialmente imaginou ser cheiro de flor e folha, misturadas numa salada de cores ou mesmo de terra molhada, mas concluiu ser cheiro de paz.

Tanto tempo não se sentia daquele modo. Seu corpo tempos atrás parecia um turbilhão infinito de sentimentos, de angústias intermináveis que lhe afastavam o sono todas as noites. Agora, via seus pedacinhos adormecendo.

Sem entender como, algo lhe dizia que, ao menos por enquanto, não era um sono eterno, e sim um sono de descanso, no qual cada músculo seu relaxaria por inteiro, seus olhos se fechariam sem pressa e o sonho seria de regozijo.

O gramado estava molhado e sentir a água tocando-lhe a pele a fez sorrir. Viu-se gente naquele instante, permitindo-se olhar intimamente e sem medo, aceitando o simples como presente. Para onde quer que se virasse não existiam obstáculos. Os pequeninos pontos de luz, de poeira, de umidade, de vida, tudo era perceptível para ela agora. Resolveu olhar-se, de dentro pra fora. Aqui e ali encontrou defeitos, mas ainda assim gostou do que viu.

Sempre foi sabedora que a perfeição era algo inalcançável até para os deuses, quiçá para ela! A verdade é que nunca a desejou, embora em sua bagagem carregue a certeza que fez tanto quanto pôde para ser o melhor para todos. Esqueceu, somente, de ser o melhor para si. Talvez por isso seu sono tenha se tornado tão inquieto e as asas que lhe deram para voar tenha usado de abrigo para quem desejava proteger.

Ao olhar a noite que se transformava em dia, sentiu-se um pouco crepúsculo também...mudando de cor, passando do escuro para o claro numa confusão de cores apaixonante, levantando-se devagar como o sol até alcançar as alturas. Lá de cima, ela sabia que tudo poderia ver mais facilmente. No entanto, não tinha pressa, pois entendia ser a vida como uma taça de vinho pronta a ser sorvida devagar. Bebê-la rapidamente lhe trouxe desequilíbrio e tantas quedas.

Ela não mais desejava andar tropeçando ou como uma artista circense que entretém o público ao caminhar numa corda bamba. Sonhava em ser a bailarina do espetáculo, dando rodopios alegres, sendo meio mulher, meio anjo. Ou quem sabe a trapezista, meio mulher, meio pássaro.

Deitou-se na grama gélida e confortável. Sentia-se em casa, deitada em sua cama. Aquele lugar era seu quarto, pensou, e o mundo sua moradia. Via as últimas estrelas irem descansar para dar lugar ao céu “azul cor dia” que se aproximava.

Fechou seus olhos.. Mais uma vez respirou, sentindo o cheiro da paz. Ali, adormeceu finalmente, em busca do seu inteiro...meio sono, meio sonho.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

. verdade .

Cara Palavra;
Quando comecei a esbravejar as primeiras palavras, que aqui figuram como tuas irmãs, imaginei que poderia me sentir mais perto de ti. No entanto, admito que tudo me traz a tua ausência. Tantas vezes te busquei de modo incessante, quase teimoso. Aqui e ali via tua sombra noutras palavras e imaginei que fosse tu. Palavras e palavras se amontoavam e chegavam a mim confusas e desordenadas e, ainda assim, recepcionava-as. Quem sabe assim as linhas reservadas para ti poderiam ser preenchidas, tal como o vazio por tua falta.Tua chegada se aproxima. Em um primeiro instante imaginei não estar preparada e meus joelhos tremeram. Seria eu, já tão machucada por outras como tu, capaz de te olhar nos olhos sem medo? Deixei o temor de lado e cá estou de braços abertos esperando por ti. Bem sei que me sondas, que me olhas e espreitas, sabendo da minha necessidade de ti. Irás completar minhas frases, mudar meus sujeitos, renovar minhas escolhas e guiar meu amontoado de sonhos.Embora clamasse por tê-la ao meu lado, desconhecê-la por inteiro sempre me deu a sensação de ânsia, de curiosidade. Basta-me, finalmente, poder tocá-la cara Palavra, senti-la tatuada com a agulha da força e a tinta da vida. Se grande ou pequena és Palavra, não me importa, e sim fazer parte de mim e no tanto que em mim comporta. Quero-te assim. Saber teu nome fez nascer em meu rosto um sorriso, não aquele riso que se desfaz diante de bochechas que, trêmulas, restam inertes. Mas, aquela espécie de sorriso que consigo traz o riso da alma. Bem que poderias tu, chamar-se liberdade, posto teres me dado asas! Livrei-me, finalmente, das correntes e mordaças em meu coração e estou pronta para voar. Outros rumos, outros ventos, outros tempos...Fomos amigas em outros carnavais, não sei ao certo o porquê te teres ido embora. Felizmente, a jornada empregada por ti se mostrou cansativa e, agora, fazes o caminho de volta. Impedirei que de novo partas, pois palavras como tu dizem mais do que mil reunidas. Não mais prolongarei esta carta, temo que importantes companheiras tuas se aventurem por outras linhas, que não as minhas e fujam sorrateiras, deixando que mais uma vez a saudade tome meu coração. Espero somente que o tempo passe depressa e possamos finalmente, eu e tu, sermos duas, em uma só.Que o vento que te levou, entregue o imenso beijo que te mando minha amiga VERDADE, a palavra que faltava, em minha falta.